sábado, 21 de fevereiro de 2009

POSTO PÚBLICO

Naquele tempo, além das estradas e da visita diária do carteiro, o único meio de comunicação da aldeia com o exterior era o telefone do posto público. 
Receber um telefonema era tão raro e tão invulgar que constituía um acontecimento na aldeia. As pessoa tremiam quando eram chamadas ao telefone, visto como meio funesto de trazer de muito longe novas que ninguém queria receber,no entanto também transportava boas novas.
Como era necessário chamar ao posto público a pessoa a quem o telefonema  se destinava, para reduzir o custo da mesma, a pessoa que efectuava a ligação desligava e voltava a ligar enquanto um puto que estivesse a jeito corria a buscar o destinatário do telefonema.
Entretanto, inexplicavelmente, espalhava-se a notícia e quando a pessoa atendia o telefone já metade da aldeia sabia que a pessoa tinha recebido uma chamada e procurava inteirar-se das razões que justificavam tal extravagância.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Carros de Bois/Vacas




Quando da invasão da Península Ibérica pelos romanos houve a introdução do carro de bois na Europa. Salvo pequenas alterações de carácter regional, continua a ser o mesmo de há 400 anos. 
Todo de madeira, compõe-se de duas peças principais: o estrado e o conjunto roda-eixo. O estrado, gradeado ou de pranchas de madeira justapostas, é retangular, apresentando na parte dianteira um varal ou lança - o "cabeçalho". Em cada borda do estrado são fincadas varas roliças - os "fueiros" - que amparam lateralmente a carga. As rodas, em número de duas, geralmente maciças, por vezes com recortes semilunares, elípticos ou losangulares, são de madeira rija, altas e pesadas, protegidas por um aro de ferro quando rolam em terreno pedregoso. Estão solidamente encaixadas no eixo-móvel, que gira entre quatro peças de madeiras - os "cocões" – embutidas no estrado (duas de cada lado) que se apoia sobre eixo pelos "calços". Entre o calço e o eixo é colocado um indispensável suplemento - a "cantadeira" - untada com uma pasta de sebo e pó de carvão, para fazer o carro gemer, quando atritada durante a marcha. "carro que não canta não presta. Não é carro!"... O seu gemido característico, ligeiramente modulado, constitui motivo de orgulho para o "condutor" que não o dispensa nunca.
A força de tração é fornecida unicamente por bovinos, dispostos dois a dois – as "juntas" – cujo número varia com o peso de carga, natureza do solo e topografia da região. As juntas são unidas pelas "cangas" que, por sua vez, são ligadas ao cabeçalho por varais articulados - os "cambões". Tiras de couro - as "tamboeiras" - ligam o cambão entre si. A canga repousa na nuca dos bois, prendendo-os pelo pescoço, que fica entre dois bastões perpendiculares, atados ou embutidos na canga - os "canzis" - cujas pontas inferiores são ligados por uma fita de couro - a "brocha" - passada pela barbela do animal. Atrelada ao cabeçalho fica a "junta-mestra" ou de "pé-de-carro" ou "junta-de-coice", a mais importante de todas, pois, além de abrir a marcha, sustenta grande parte do peso do carro. A que se lhe segue é chamada "junta-forte" e as outras "juntas-de-frente".Para acicatar os bois a "puxar" o carro utiliza-se a "aguilhada", vara fina com um ferrão na ponta.



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