quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O Capador



Um obrigado ao capador de Campia pelo abraço de amizade que trocámos, e pelo reviver de alguns momentos da minha infância.
A maioria das pessoas que vivem nas aldeias e outras que emigraram, certamente ainda se recordam, do tempo em que em todas as casas havia o “porco” para matar cuja carne iria ajudar na alimentação da família durante o Inverno.
O porco era comprado ainda pequeno para criar, até atingir o tamanho ideal e dar aí umas 8 ou 9 arrobas de peso, após o que estava pronto para a “matança” ou “matação”.
A matança do porco era uma festa, uma celebração anual, para família, amigos e vizinhos que sendo convidados para ajudar, eram depois recompensados com uns saborosos petiscos.
Durante os trabalhos da matança, da limpeza, retirada das vísceras bebia-se aguardente acompanhada de bolos e frutos secos.
O almoço era o sangue cozido, temperado com cebola, salsa, azeite e vinagre. Vinha depois o guisado, com um pouco de lombo e fígado, tudo acompanhado de um bom vinho tinto.
Continuavam os trabalhos de preparação das carnes para guardar na salgadeira, porque frigorífico ou arca congeladora, naquele tempo, era coisa que não existia.
Faziam também a miga que alguns dias mais tarde iriam dar nas saborosas chouriças.
Preparavam-se as banhas para fritar, no que resultava a banha e os saborosos torresmos.
Ao jantar todos novamente reunidos e era altura de se comer um cozido de grão, com a língua, o coração, as orelhas e os pezinhos.
Pela noite fora contavam-se histórias, cantava-se, enfim fazia-se festa.
O “capador” era o homem que capava os pequenos porcos para que eles crescessem sem pensar nas suas parceiras. Se não fossem "capados" a sua carne mais tarde viria a ter cheiro e sabor a "barrasco" que não é nada bom.
Por vezes quando algum animal adoecia, era também chamado para dar uma “consulta”.
O homem chegava, aconselhava esta ou aquela mezinha e a coisa quase sempre se resolvia.

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