sábado, 23 de maio de 2009

Avicultura





Existiram em grande quantidade vários aviários nesta região, foi um corredor aberto para o emprego de muitas pessoas, dando um largo contributo para o incremento de novas dinâmicas no tecido empresarial.
Infelizmente, grande parte acabaram por terminar o seu ciclo, e hoje não é raro encontrar-mos em completo abandono as estruturas dos mesmos.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

MATANÇA do PORCO



O jantar da noite anterior, normalmente é de dieta, pois no dia seguinte, os estomâgos têm que estar receptivos á fartura existente. Chegam os convidados, bem cedo, e a mesa veste-se gulosamente, para o mata-bicho não falta o bagaço, mas na mesa ainda estão "defuntos" do ano anterior: presunto, salpicão, chouriça. Assim esconjurado o frio e preparados para o "crime", avança-se para o cortelho. À frente, o "matador" experiente, de faca na mão, tenta aprisioná-lo pelo focinho. 
Com mais ou menos dificuldade, ei-lo amarrado ao leito da morte. Quatro homens seguram-no, cada um com a sua pata, comandados pelo matador. Afastados os que têm pena, "não vá ele encolher o sangue", chegada a mulher com alguidar, aí vai solenemente a picada mortal, balança-se o porco na luta com a morte.
Segura-se cada um como pode, neste longo minuto de agonia. Em jorros de dôr o animal atroa os ares. O alguidar, em mãos destemidas, vai-se enchendo. A um canto ferve a água nos potes. 
Mais ao lado, a palha vai sendo escolhida para lumieiras que tostarão a pele já morta. Hoje, o maçarico a gás vai substituindo a palha.
Despojado das unhas e queimado o porco de um lado, é hora de o virar. Antes, porém, há o intervalo deste filme para beber um copo de vinho, acompanhado de pedaços de sangue, entretanto já cozido.
E a tarefa vai continuando até não restar um apelo às facas afiadas. Escaldada a língua e a orelheira, calça-se no chambaril e pendura-se numa boa trave.
Aí será " operado" pelo matador que o alivia da primeira carne para a mesa. As tripas são cuidadosamente apartadas para um tabuleiro e, de tarde, serão lavadas em amplos alguidares.
Na cozinha está preparado o manjar. Na panela vão-se derretendo os torresmos. O sarrabulho só espera a água a ferver. Esta iguaria é preparada com pão cortado em pequenas fatias a que se junta o sangue cozido, leva também açúcar ou, noutras terras, alho.
Sobre todo este preparado cai água a ferver. E aí está o famoso sarrabulho que serve de sobremesa e que, em algumas aldeias, chega a dar o nome a este dia festivo rural. - a festa do sarrabulho.
Um ou dois dias depois, desfaz-se o porco, meticulosamente cada peça dá o seu melhor para a salgadeira ou para o fumeiro. Desde os untos à bexiga, nada é estragado. Neste dia, está aínda vivo o hábito de "dar o prato". Consiste em levar aos lares mais chegados, um prato com carne, sangue, costeleta, fígado... para que todos provem da matança. 
É dispendioso, pensa-se. Mas o certo é que nesta altura havia muita coisa que era excessiva   Com este gesto,dar sete ou oito pratos, ganha-se carne durante sete ou oito semanas, pois que, cada vez que uma dessas pessoas mata, vem trazer, fresquinha, a carne do seu porco, retribuindo o prato. 
Salutar e inteligente este hábito comunitário, perdurou durante os tempos. Depois de algumas noite de "enchimento", aí temos cada casa rural apetrechada com condimento delicioso para o ano inteiro: farinheiras, moiras de sangue ou de cebola, chouriças do buchada ou de carne propriamente dita, os salpicões deliciosos.
Alguns comem-se em festividades marcadas: o moiro de sangue - Domingo magro; o salpicão da barbelada - domingo gordo; o salpicão da língua - dia de entrudo.
 

 

sábado, 28 de março de 2009

As Desfolhadas/Escarpeladas



                                                                                                    
Com o passar dos anos foram caindo em desuso, mas ainda me lembro de estar presente em algumas , nos meus períodos de férias. Actualmente ainda se fazem, mas talvez por carolice e pela paixão de ainda se irem mantendo algumas tradições.
As desfolhadas ou Escarpeladas, que se realizavam no final do Verão e principios do Outono, juntavam vizinhos e família tornando a obrigação numa verdadeira festa. O sistema era simples, as espigas colocadas no meio de uma eira com cestos estrategicamente colocados, ou então em cima dos carros de vacas. Os trabalhadores colocavam-se em circulo, sentados ora no chão ora em pequenos bancos. Conforme desfolhavam as espigas, colocavam-nas nos cestos e o folhelho para fora da roda. A noite ( porque as desfolhadas eram tradicionalmente realizadas à noite) era animada pelos cantares típicos, e no caso de haver gente para isso por cantadores ao desafio, acompanhados pela concertina. As desfolhadas além de se organizarem numa estrutura de entreajuda entre famílias, tinham um importante papel social, pois era muitas vezes nas desfolhadas que se descobriam amores e eram permitidas certas ousadias como abraçar ou beijar ( na face entenda-se).
Estas ousadias eram permitidas graças à descoberta entre as espigas de milho, de uma espiga de milho vermelho, Milho rei, que, segundo a tradição implicava que quem o encontrasse se levantasse e desse um abraço aos convivas ou um beijo.
No final da desfolhada, e em casas mais fartas, servia-se aos trabalhadores um bom "Morangueiro" acompanhado por umas fatias de broa, com umas belas chouriças e uns bons nacos de presunto.

terça-feira, 17 de março de 2009

CASA BEIRÃ



A casa típica da Beira Alta é quadrangular, ocupa pouco espaço e é geralmente constituída por dois andares, o rés-do-chão e o primeiro andar. O primeiro andar, ao qual se tem acesso por uma escada exterior de pedra, onde se encontram os quartos e a cozinha. As divisões são pequenas, tudo dividido em madeira. A cozinha é o único lugar da casa que tem pedra no chão para acender o lume. Na cozinha, era também vulgar encontrar-se uma salgadeira onde geralmente as pessoas guardavam a carne que iam utilizando na sua dieta alimentar durante o ano. Muito rudimentar, utilizavam a tripeça(banco de madeira com três pés) e as panelas de ferro. Na parte de cima da pilheira era vulgar existir  o caniço, conjunto de canas onde se secavam figos, castanhas e presuntos. 
  No rés-do-chão, existiam lojas para animais, a adega, o celeiro, e os produtos que as pessoas obtinham através do cultivo das suas terras. A loja é um terreno com uma manjedoura e um curral para os porcos. Era na loja que se arrumava a palha e o milho, e na adega, normalmente existiam tarimbas para armazenamento dos géneros alimentícios. 
Ao lado da casa, por baixo do alpendre, havia ainda lugar para resguardar as galinhas.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

POSTO PÚBLICO

Naquele tempo, além das estradas e da visita diária do carteiro, o único meio de comunicação da aldeia com o exterior era o telefone do posto público. 
Receber um telefonema era tão raro e tão invulgar que constituía um acontecimento na aldeia. As pessoa tremiam quando eram chamadas ao telefone, visto como meio funesto de trazer de muito longe novas que ninguém queria receber,no entanto também transportava boas novas.
Como era necessário chamar ao posto público a pessoa a quem o telefonema  se destinava, para reduzir o custo da mesma, a pessoa que efectuava a ligação desligava e voltava a ligar enquanto um puto que estivesse a jeito corria a buscar o destinatário do telefonema.
Entretanto, inexplicavelmente, espalhava-se a notícia e quando a pessoa atendia o telefone já metade da aldeia sabia que a pessoa tinha recebido uma chamada e procurava inteirar-se das razões que justificavam tal extravagância.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Carros de Bois/Vacas




Quando da invasão da Península Ibérica pelos romanos houve a introdução do carro de bois na Europa. Salvo pequenas alterações de carácter regional, continua a ser o mesmo de há 400 anos. 
Todo de madeira, compõe-se de duas peças principais: o estrado e o conjunto roda-eixo. O estrado, gradeado ou de pranchas de madeira justapostas, é retangular, apresentando na parte dianteira um varal ou lança - o "cabeçalho". Em cada borda do estrado são fincadas varas roliças - os "fueiros" - que amparam lateralmente a carga. As rodas, em número de duas, geralmente maciças, por vezes com recortes semilunares, elípticos ou losangulares, são de madeira rija, altas e pesadas, protegidas por um aro de ferro quando rolam em terreno pedregoso. Estão solidamente encaixadas no eixo-móvel, que gira entre quatro peças de madeiras - os "cocões" – embutidas no estrado (duas de cada lado) que se apoia sobre eixo pelos "calços". Entre o calço e o eixo é colocado um indispensável suplemento - a "cantadeira" - untada com uma pasta de sebo e pó de carvão, para fazer o carro gemer, quando atritada durante a marcha. "carro que não canta não presta. Não é carro!"... O seu gemido característico, ligeiramente modulado, constitui motivo de orgulho para o "condutor" que não o dispensa nunca.
A força de tração é fornecida unicamente por bovinos, dispostos dois a dois – as "juntas" – cujo número varia com o peso de carga, natureza do solo e topografia da região. As juntas são unidas pelas "cangas" que, por sua vez, são ligadas ao cabeçalho por varais articulados - os "cambões". Tiras de couro - as "tamboeiras" - ligam o cambão entre si. A canga repousa na nuca dos bois, prendendo-os pelo pescoço, que fica entre dois bastões perpendiculares, atados ou embutidos na canga - os "canzis" - cujas pontas inferiores são ligados por uma fita de couro - a "brocha" - passada pela barbela do animal. Atrelada ao cabeçalho fica a "junta-mestra" ou de "pé-de-carro" ou "junta-de-coice", a mais importante de todas, pois, além de abrir a marcha, sustenta grande parte do peso do carro. A que se lhe segue é chamada "junta-forte" e as outras "juntas-de-frente".Para acicatar os bois a "puxar" o carro utiliza-se a "aguilhada", vara fina com um ferrão na ponta.



sábado, 31 de janeiro de 2009

Oliveira de Frades-O Meu Concelho




É uma vila portuguesa no Distrito de Viseu, região Centro e subregião do Dão-Lafões, com cerca de 2 400 habitantes.
É sede de um município com 147,45 km² de área e 10 585 habitantes (2001), subdividido em 12 freguesias. Trata-se de um dos poucos municípios de Portugal territorialmente descontínuos (os outros são Montijo e Vila Real de Santo António), consistindo de duas porções, uma principal, de maiores dimensões, onde se situa a vila, e a outra menor, poucos quilómetros para sueste. O território principal é limitado a nordeste pelo município de São Pedro do Sul, a sueste por Vouzela, a sudoeste por Águeda, a oeste por Sever do Vouga e a noroeste por Vale de Cambra. O território secundário é limitado a norte e nordeste por Vouzela, a sul e sudoeste por Tondela e a oeste por Águeda.
Concelho criado em 1836 por desmembramento do concelho de Lafões nos actuais concelhos de Oliveira de Frades, São Pedro do Sul e Vouzela.
Oliveira de Frades é terra antiquíssima.Comprova-o a Carta de Couto e confirmação de doação do Couto da Vila de Ulveira, aos frades de Santa Cruz de Coimbra, de 1169, concedida por D Afonso Henriques, no balneário de Lafões(actuais Termas de S.Pedro do Sul), onde se encontrava em tratamentos após a queda do cavalo, durante o cerco de Badajoz.
Estes desejos de autonomia, já parcialmente corporizados no referido Couto deram origem a um longo processo de gestação municipal, que culminou com a restauração definitiva do Concelho de Oliveira de Frades, por Decreto de Dª Maria II, de 7 de Outubro de 1837.
Por todo o concelho proliferam vestígios de um passado longínquo, manifestações de um património rico e diversificado. Ao longo de milhares de anos, por aqui passaram e se fixaram diferentes povos,deixando vestígios de uma prolongada permanência,contribuindo para a humanização da paisagem.
O megalitismo tem no concelho uma grande expressão. Classificados como Monumentos Nacionais, revestem-se de especial importância: o Dolmén de Arca e o Dólmen de Antelas. O último pelas pinturas que ostenta na superfície dos seus esteios, a vermelho e a negro, com mais de 5000 anos, é considerado uma jóia valiosíssima da pintura rupestre europeia.
Da idade dos Metais, abundam vestígios de castros e fortificações defensivas, como o Murado da Várzea.
Contemporâneos da época castreja, podemos ainda encontrar gravuras e insculturas rupestres. São sinais gravados em lages graníticas, das quais se destacam a Pedra das Ferraduras Pintadas, que as gentes locais interpretaram como sendo os "pés de todos os animais que havia em outro tempo"(lage onde"as mouras traziam o ouro ao sol"), a Pedra dos Cantinhos,onde, segundo o povo, estão representados moinhos de vento e alfaias agrícolas, como pás, enxadas e gadanhas; e o Rasto dos Mouros, onde se podem observar pegadas humanas e algumas covinhas ou fossetes que segundo a crença popular, são vestígios deixados pelo "cacete de ferro" dos Mouros.
A civilização romana também deixou no concelho, marcas da sua presença. Destacam-se os troços bem preservados de calçada romana, que integravam o trajecto da estrada que ligava Viseu a Àgueda, assim como os marcos miliários que se erguiam ao longo dessa via.
Na via romana, também conhecida por estrada "velha" ou do "peixe", durante séculos cruzaram-se almocreves, que forneciam de peixe as gentes da serra, e peregrinos a caminho de Santiago de Compostela, que na Albergaria de Reigoso encontravam o acolhimento, sendo-lhes ofertada uma refeição, o calor do fogo, a frescura da água e o conforto de uma cama.
Excelentes obras de engenharia encontram-se ao longo do percurso de outros dois eixos viários estruturantes do concelho: a EN nº16, sucessora da Estrada Real, com o seu traçado sinuoso, em ziguezague constante, e a linha-de-comboio do Vale do Vouga, desactivada na década de 80 do século xx.

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