quinta-feira, 6 de outubro de 2011

ANTELAS-2011




DA MINHA ALDEIA vejo quando da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.

   Alberto Caeiro, em "O Guardador
   de Rebanhos".



quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O Capador



Um obrigado ao capador de Campia pelo abraço de amizade que trocámos, e pelo reviver de alguns momentos da minha infância.
A maioria das pessoas que vivem nas aldeias e outras que emigraram, certamente ainda se recordam, do tempo em que em todas as casas havia o “porco” para matar cuja carne iria ajudar na alimentação da família durante o Inverno.
O porco era comprado ainda pequeno para criar, até atingir o tamanho ideal e dar aí umas 8 ou 9 arrobas de peso, após o que estava pronto para a “matança” ou “matação”.
A matança do porco era uma festa, uma celebração anual, para família, amigos e vizinhos que sendo convidados para ajudar, eram depois recompensados com uns saborosos petiscos.
Durante os trabalhos da matança, da limpeza, retirada das vísceras bebia-se aguardente acompanhada de bolos e frutos secos.
O almoço era o sangue cozido, temperado com cebola, salsa, azeite e vinagre. Vinha depois o guisado, com um pouco de lombo e fígado, tudo acompanhado de um bom vinho tinto.
Continuavam os trabalhos de preparação das carnes para guardar na salgadeira, porque frigorífico ou arca congeladora, naquele tempo, era coisa que não existia.
Faziam também a miga que alguns dias mais tarde iriam dar nas saborosas chouriças.
Preparavam-se as banhas para fritar, no que resultava a banha e os saborosos torresmos.
Ao jantar todos novamente reunidos e era altura de se comer um cozido de grão, com a língua, o coração, as orelhas e os pezinhos.
Pela noite fora contavam-se histórias, cantava-se, enfim fazia-se festa.
O “capador” era o homem que capava os pequenos porcos para que eles crescessem sem pensar nas suas parceiras. Se não fossem "capados" a sua carne mais tarde viria a ter cheiro e sabor a "barrasco" que não é nada bom.
Por vezes quando algum animal adoecia, era também chamado para dar uma “consulta”.
O homem chegava, aconselhava esta ou aquela mezinha e a coisa quase sempre se resolvia.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Floresta-PINHEIRO





É uma árvore média, alcançando entre 20 a 35 metros. A copa das árvores jovens é piramidal, e nas adultas é arredondada. O tronco está coberto por uma casca espessa, rugosa, de cor castanho-avermelhada e profundamente fendida. A sub-espécie mediterrânica tende a possuir casca mais espessa, que pode ocupar mais de metade da secção do tronco. As suas folhas são folhas persistentes, em forma de agulhas agrupadas aos pares, com 10 a 25 centímetros de comprimento. Tem uma ramificação verticilada, densa, os ramos quando são jovens são muito espaçados e amplos.

Tem floração monóica, ou seja as flores masculinas e femininas estão reunidas num mesmo pé. As suas flores masculina estão dispostas em inflorescências douradas, com forma de espiga, agrupadas lateralmente nos ramos longo do terço inferior dos raminhos novos; e as flores femininas estão dispostas em inflorescências terminais. A sua floração começa em Fevereiro e acaba em Março.

As pinhas ou cones, com entre 8 a 22 cm de comprimento por 5 a 8 cm de largura, simétricas ou quase simétricas, são castanhas claras e brilhantes quando maduras. Amadurecem no final do Verão do segundo ano e libertam numerosas sementes com uma asa, vulgarmente designada por pinhão.
Essência florestal de grande interesse económico foi abundantemente plantada pois proporciona uma grande produção de madeira, protege contra o vento, e devido ao seu enraizamento radical aprumado e profundo como fixador de dunas, além de permitir a recuperação de solos pobres e erosionados. A madeira, resinosa, clara, avermelhada ou castanho-avermelhado, com abundantes nós é durável, pesada e pouco flexível, então é utilizada em mobiliário, postes, cofragem, caixotaria, aglomerados, carpintaria, construção naval, combustível e celulose. Extrai-se a resina, para ser usada na indústria de tintas, vernizes e aguarrás. A casca do tronco é rica em tanino e é usada no curtimento de peles.

Actualmente, o Pinheiro representa cerca de 40% da área florestal, ou seja 1 300 000 hectares em todo o País, quer em povoamentos puros, quer em mistos dominantes. Todavia, exige-se hoje uma gestão mais cuidada do pinhal, a fim de garantir um melhor rendimento de exploração.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Hino de Lafões



É um jardim
E não há no mundo
Um lugar assim!
Tem flores nos montes
Regatos e fontes
D' águas cristalinas.
Formosas meninas
E outras coisas finas
Tudo do melhor.
Tem um belo rio
Onde pelo estio
Vão ninfas nadar...
E a brisa e o luar
São cheias de Serras
Todas estas terras

Por onde nascemos.
Ainda assim vivemos
Com o que temos
Melhor que ninguém.
Das terras que vi
Como estas daqui

Oh! não há nenhuma...
Encerram, em suma
Belezas mais que uma
Que as outras não têm.
Lafões

Sabem murmurar
Cantigas de amor!
(Variante)
Flores pelos montes
Regatos e fontes
De águas cristalinas
Formosas meninas
E outras coisas finas
Tudo do mais puro.
E um belo rio
Onde pelo estio
Nos vamos banhar
E às vezes pescar
E ouvir tocar
O José do Muro.
O José do Muro

É um rapaz de truz
Grande brincalhão.
De banza na mão
Faz a animação
Da rapaziada.


Se ele se vai embora
Toda a gente chora
E não é p'ra rir.

Não se torna a ouvir (*)
Não se torna a ouvir
Uma guitarrada.
Tem a Boavista

Que é um paraíso
Um céu verdadeiro
Tem o meu Outeiro
Talvez o primeiro
Em amenidade

Tem o S. Cristóvão
Que fica de fronte
Ali de Olheirão ...

Não é mangação
Parece a mansão
D'uma divindade
Que largo horizonte
Te engrinalda afronte
Vila de Oliveira!
És como a palmeira
Olhando altaneira
Por esse amplo azul!
Mais além Vouzela
Se esconde no Zela
Púdica , modesta.
Em trajes de festa
Vai tomando a sesta
S. Pedro do Sul.





domingo, 12 de junho de 2011

Tear-Mantas de Trapos




Lembro-me com saudade da minha avó Laura, a juntar todos os trapos, gastos pelo uso, normalmente peças de roupa que se deixavam de usar, recolhidas de familiares ou de amigos.
Com alguma paciência rasgava o tecido em tiras que posteriormente cosia umas ás outras, originado um novelo que ía aumentando gradualmente. Quando o tamanho do mesmo já era considerável era a tecedeira que entrava em acção produzindo tapetes, passadeiras e mantas multicolores, que embelezavam o interior das habitações.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Contrastes




Ao viajar num intervalo do tempo, refugiei-me durante um período curto, em Antelas, procurando refazer ideias.
No intermédio resolvi fazer um passeio pedonal e rever locais que outrora percorria com uma maior regularidade.
No trajecto deparei-me com a construção de uma casa com traços futuristas, linhas rectilinias,com a incorporação de materiais mais evoluídos tais como o poliestireno extrudido ou o concreto translúcido, passando pelos paineis solares visando o aproveitamento das energias. Repousei durante alguns minutos e pensei na evolução,que por vezes incontrolável acaba por desvirtuar o belo e a traça original que ainda permanece por vezes intocável no nosso imaginário.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O Meu Avô



Passei alguns períodos da minha vida em estreita comunhão com o meu avô, normalmente em períodos de férias ou nas quadras festivas.
Homem integro com a capacidade de se fazer respeitar por todos aqueles que o rodeavam. A sua palavra valia mais do que um qualquer contrato assinado entre ambas as partes, a sua postura embrenhava-se no nosso imaginário e todos nós o venerávamos.
Aqui fica a comemoração do seu último aniversário de vida..noventa e dois anos de uma vida de trabalho em prol da família.
Um bem haja pela sabedoria e respeito que incutiu em todos nós!

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