terça-feira, 27 de março de 2012

Usos e Costumes(2)





Preparação da Urdidura em Antelas

A urdidura é uma operação que antecede a tecelagem e consiste em preparar os fios para os dispor no tear, isto é: paralelos entre si e de igual comprimento, e separados nas duas séries que, descendo ou subindo cada uma alternadamente, operam o entrecruzamento do fio que passa entre elas.
Em Antelas, na casa da Dª Maria José , a urdidura era preparada num aparelho especial, a urdideira, que consiste numa armação de prumos onde estão fixos tornos nos quais passam os fios.
A urdidura inicia-se e termina na cruz do tear.
No final, as extremidades são atadas com um fio que passa na cruz do tear e na cruz dos cadilhos, de modo a manter os cruzamentos.
Para mais tarde indicar o andamento da tecelagem, com a urdidura ainda na urdideira, a tecedeira em cada ramo marca o meio com o auxílio de folhas de couve ou arruda(outrora, dizem, eficaz para espantar os maus espíritos que poderiam estorvar o bom andamento do trabalho).
A urdidura é então retirada da urdideira, soltando dos tornos superiores a ponta e fazendo uma trança encadeada, que a tecedeira vai colocando ao ombro, até final.
Apenas as tecedeiras mais experientes realizam o processo de urdidura que, segundo se diz, tem dias mais indicados para ser executada: às terças, quintas e sábados. Ouvimos da Dª Maria José, em Antelas, o adágio" Às sextas feiras, nem cases filha nem urdas teia".
Obsº- Recolha da Profª Rosália Correia

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Usos e Costumes(1)





 Irei gradualmente inserindo no blogue, usos e costumes de outrora que mobilizavam a grande parte da população.
A sua maioria não resistiu à voragem dos tempos, e praticamente poucos ainda perduram.

A Espadelada(1)

As espadeladas realizavam-se em tardes de Outono, na eira, por mulheres que de outras aldeias vinham ajudar, como era uso e costume.
À noite a espadelada era mais festiva; os rapazes e as raparigas, vinham em grupo das aldeias vizinhas, cantando e dançando ao som da harmónica chamada "Sanfona".
As espadeladas e as desfolhadas eram o ponto de reunião. A espadelada era feita em três fases:

 1 - A mulher segura a estriga na mão esquerda sobre a borda do cortiço, e com a espadela na mão direita, sacode as arestas para o exterior, seguidamente saem os tomentos.

2 - A estriga que ainda ficou na mão da mulher, vai ao sedeiro, que depois de assedada, deixa ficar no chão a estopa.

3 - A terceira operação deixa a pura fibra ou "filaça" que são as sedas, que depois vão para a fiação.

sábado, 28 de janeiro de 2012

VARIAÇÕES

A beleza natural explode em todos os sentidos, o contraste das cores esbate-se no silêncio da sua nudez!







terça-feira, 29 de novembro de 2011

ANTA PINTADA de ANTELAS











Monumento Nacional desde 1990, reconhecido pelo interesse das  pinturas rupestres que decoram a sua câmara, considerado um dos mais bem conservados de toda a Península Ibérica.
No blogue existem alguns artigos que desenvolvem com maior amplitude a sua constituição e descrevem em pormenor a riqueza da mesma.
No entanto, lamento que este Monumento Nacional, esteja completamente dissociado da manutenção que lhe é devida, chegando ao cúmulo de todo o terreno circundante se encontrar abandonado, fluindo com generosidade todo o tipo de ervas e vegetação daninha. Continuando esta minha discrição, os acessos estão deploráveis não dando aos possíveis visitantes qualquer tipo de sinalização,de que a uma centena de metros se encontra um Monumento Nacional, a preservar....
Faço daqui um apelo ao Engº  Luís Martins Vasconcelos actual Presidente da Câmara de Oliveira de Frades, para que seja dada mais atenção a esta situação!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

ANTELAS-2011




DA MINHA ALDEIA vejo quando da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.

   Alberto Caeiro, em "O Guardador
   de Rebanhos".



quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O Capador



Um obrigado ao capador de Campia pelo abraço de amizade que trocámos, e pelo reviver de alguns momentos da minha infância.
A maioria das pessoas que vivem nas aldeias e outras que emigraram, certamente ainda se recordam, do tempo em que em todas as casas havia o “porco” para matar cuja carne iria ajudar na alimentação da família durante o Inverno.
O porco era comprado ainda pequeno para criar, até atingir o tamanho ideal e dar aí umas 8 ou 9 arrobas de peso, após o que estava pronto para a “matança” ou “matação”.
A matança do porco era uma festa, uma celebração anual, para família, amigos e vizinhos que sendo convidados para ajudar, eram depois recompensados com uns saborosos petiscos.
Durante os trabalhos da matança, da limpeza, retirada das vísceras bebia-se aguardente acompanhada de bolos e frutos secos.
O almoço era o sangue cozido, temperado com cebola, salsa, azeite e vinagre. Vinha depois o guisado, com um pouco de lombo e fígado, tudo acompanhado de um bom vinho tinto.
Continuavam os trabalhos de preparação das carnes para guardar na salgadeira, porque frigorífico ou arca congeladora, naquele tempo, era coisa que não existia.
Faziam também a miga que alguns dias mais tarde iriam dar nas saborosas chouriças.
Preparavam-se as banhas para fritar, no que resultava a banha e os saborosos torresmos.
Ao jantar todos novamente reunidos e era altura de se comer um cozido de grão, com a língua, o coração, as orelhas e os pezinhos.
Pela noite fora contavam-se histórias, cantava-se, enfim fazia-se festa.
O “capador” era o homem que capava os pequenos porcos para que eles crescessem sem pensar nas suas parceiras. Se não fossem "capados" a sua carne mais tarde viria a ter cheiro e sabor a "barrasco" que não é nada bom.
Por vezes quando algum animal adoecia, era também chamado para dar uma “consulta”.
O homem chegava, aconselhava esta ou aquela mezinha e a coisa quase sempre se resolvia.

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